Review por Fabiano Negri, do Ozzy Brasil
Bom, acho que todos aqui sabem sobre os problemas pelos quais o Ozzy tem passado ultimamente. Sua saúde anda frágil e sua tour de despedida sofreu diversos cancelamentos. O Príncipe das Trevas não estava feliz. Entretanto, por um acaso do destino, uma parceria aleatória com o rapper Post Malone, acendeu uma fagulha que trouxe a alegria de volta ao mestre e resultou no álbum Ordinary Man, um disco ímpar em sua carreira.
Os convidados para a gravação já são por si muito interessantes: temos belas linhas de bateria feitas pelo sensacional Chad Smith; Duff McKagan – no que talvez seja a melhor performance de baixo da sua carreira -, Slash, Tom Morello, Elton John e o guitarrista Andrew Watt, responsável também pela produção do disco.
O álbum tem um pouco de tudo que Ozzy fez nos últimos cinquenta anos. Riffs pesados, músicas arrastadas, baladas, letras carregadas de melancolia (além de alguns momentos bem-humorados) e lindas melodias. Sua voz soa jovial e surpreendentemente cheia de energia; com muitas referências ao passado, ainda assim, sempre olhando para o futuro.
Não, Ozzy nunca foi e nunca será um artista que se contenta com recriar o passado para agradar meia dúzia de fãs ortodoxos. Suas produções estão sempre em sintonia com o que está acontecendo no mundo da música e isso é incrível!
Ordinary Man não é um disco de heavy metal. Existem momentos em que os demônios são liberados, como em Straight to Hell, na Sabbathica Goodbye, na torta Today is the End, no punk It’s a Raid, ou na cadenciada Eat Me. Todas excelentes canções!
A audição se torna ainda mais fascinante pelo ecletismo encontrado nas músicas.
A reflexiva All my Life poderia facilmente estar no No More Tears, enquanto a belíssima balada Holy for Tonight seria uma das melhores canções do injustiçado Ozzmosis.
Under The Graveyard é estonteante e a inexplicável Scary Little Green Men é tão boa, que a gente precisa se beliscar para se lembrar de que não estamos de volta para a época de ouro do Madman.
A música título é a cereja do bolo e sintetiza todo o sentimento do petardo. A parceria com Sir Elton John expõe de forma absolutamente genial a fragilidade do ex-super-homem, Ozzy Osbourne. Tudo isso embalado pelo amor que ele sempre sentiu pela sua banda do coração, The Beatles. As referências são óbvias e muito bem-vindas.
Ordinary Man é o grito de um homem quebrado, que sabe que está vivendo seus últimos anos na Terra, e é nessa melancolia em que reside o melhor desse incrível esforço. O disco é extremamente bem escrito, tem a urgência necessária na execução e soa sincero – mais sincero do que qualquer coisa feita depois do No More Tears.
Se você o ouvir com atenção, procurando entender as letras e fazendo as reflexões necessárias, pode se preparar para chorar após as últimas notas de Holy for Tonight. É de cortar o coração…
Até que entra It’s a Raid e tudo vira festa!!
Nada aqui é ordinário.
Ozzy, você jamais será um homem comum.
Muito obrigado por mais um lindo capítulo da sua história.